Ciclo de Conferências: “A Emergência da Ética”, com António Bagão Félix


De 9 de Outubro a 6 de Novembro (Quartas-Feiras), às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural de Lisboa (Piso 6)

Inscrições até dia 2 de Outubro, no Ponto de Informação (Piso 0).

Vem-se acentuando uma forte erosão de valores e de princípios, em que emergiram as consequências da diluição das fronteiras entre o bem e o mal. Isso nota-se na deficiente conjugação entre direitos e deveres, no enfraquecimento do sentido de responsabilidade, na rarefacção da decência, autenticidade e exactidão, na desvalorização do valor da verdade.
A regra de ouro no plano ético tem sido frequentemente violada: para alguns, os fins justificam sempre qualquer tipo de meio. Para tal, “inventou-se” um novo arquétipo moral entre os actos bons e os maus: os actos indiferentes, uma espécie de silenciosa amiba onde se acolhem as maiores ilegitimidades éticas.

A verdadeira virtude e a liderança advêm da autoridade do exemplo, não do poder formal e efémero. No entanto, a perspectiva axiológica do uso do poder como poder-dever tende a diluir-se na primazia do triângulo presentismo-relativismo-subjectivismo. No frenesim de micro, pequenas e médias éticas, a sociedade vem-se tornando mais amnésica e dilui-se a fronteira entre o útil, o inútil e o fútil.

Ainda que a ética não seja cindível, ela coloca-se sobremaneira quanto à sua relação com a responsabilidade e liderança, com a solidariedade natural, social e geracional, com a natureza, fruição e gestão política e administrativa dos bens públicos e, também, com os desafios face à preservação dos elementos da natureza.

Não há remédios técnicos para males éticos. Esta é a mais séria e profunda reforma estrutural e geracional que urge concretizar. Com futuro e esperança.

António Bagão Félix nasceu em Ílhavo em 1948. Economista, professor universitário. Foi ministro e secretário de Estado em vários governos nas áreas das Finanças, Segurança Social e Trabalho. Foi conselheiro de Estado, vice-governador do Banco de Portugal, administrador nos seguros e na banca, presidente da Comissão Justiça e Paz e membro de órgãos sociais de várias ONG e IPSS. Condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Tem muitas publicações técnicas e vários livros, entre os quais, Do lado de cá ao deus-dará (2002), O cacto e a rosa (2008), O conto do Vigário (sobre texto de Fernando Pessoa) (2011) Trinta árvores em discurso directo (2013),  Ética Aplicada à Protecção Social (coord.) (2018), Raízes de vida (2019).

Programa:

1) Emergência da Ética; 9 de Outubro

2) Ética e bens públicos; 16 de Outubro

3) Ética, trabalho e solidariedade; 30 de Outubro

4) Ética e natureza: 6 de Novembro

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