Dia da Criança no El Corte Inglés Gaia/Porto
Entrada Livre
INSCRIÇÕES ENCERRADAS
O Âmbito Cultural tem o prazer de convidar para a sessão do Ciclo Poem(A)r “Entre nós e as palavras, o nosso querer falar – A poesia de Mário Cesariny”
Por José Anjos e os convidados Paula Cortes e Carlos Barretto (contrabaixo)
Dia 02 de Junho, pelas 18h30 na Sala de Âmbito Cultural, piso 6 do El Corte Inglés de Lisboa.
Sinopse
Sessão do Ciclo Poem(A)r inteiramente dedicada à poesia de Mário Cesariny, poeta maior do movimento surrealista português, no ano em que se celebra o centenário do seu nascimento. A sessão tem como convidados Paula Cortes (Lisbon Poetry Orchestra, mao-mao) e Carlos Barretto no contrabaixo, que se juntam a José Anjos para interpretar poemas de um dos mais importantes e livres poetas portugueses.
Em mais uma temporada do Ciclo Poem(A)r regressamos até si através da poesia de vários autores, na voz de José Anjos e dos seus convidados. Durante os últimos dois anos muita coisa mudou, expecto o que nos move: a urgência da poesia e da partilha. É essa urgência que volta a abrir as portas às sessões do Ciclo Poem(A)r promovidas pelo Âmbito Cultural do El Corte Inglés, com periodicidade bimestral e programação de José Anjos, as quais não seriam possíveis sem um público de leitores atentos e cúmplices desta tradição.
Sobre Mário Cesariny
Pintor e poeta, Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu em 1923.
Estudou na Academia de Amadores de Música e ingressou, no início dos anos quarenta, na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de uma aproximação ao neo-realismo, afasta-se do movimento. Em 1947, escreve o poema Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos (só publicado em 1953) e realiza as suas primeiras experiências plásticas. Embarca, então, na aventura surrealista, que se consumará nos anos seguintes. Viajando para Paris, conhece André Breton e liga-se ao denominado «Grupo Surrealista de Lisboa».
Experiência intensa, o surrealismo marca em Cesariny o ponto de partida de um percurso artístico profundamente vivido ao longo da segunda metade do século XX, tanto na escrita como nas artes plásticas.
Biografia
José Anjos nasceu em Lisboa (1978) e é formado em direito, poeta e músico. Tem quatro livros de poesia publicados e participa em vários projectos como baterista (não simão), guitarrista (Poetry Ensemble e mao-mao) e diseur (Lisbon Poetry Orchestra, No Precipício era o Verbo, Navio dos Loucos, O Gajo, Janela). Vive com um gato.
You are welcome to Elsinore
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos a morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Pintor e poeta, Mário Cesariny de Vasconcelos
estudou na Academia de Amadores de Música
e ingressou, no início dos anos quarenta, na
Escola de Artes Decorativas António Arroio.
Depois de uma aproximação ao neo-realismo,
afasta-se do movimento. Em 1947, escreve
o poema Louvor e Simplificação de Álvaro
de Campos (só publicado em 1953) e realiza
as suas primeiras experiências plásticas.
Embarca, então, na aventura surrealista, que
se consumará nos anos seguintes. Viajando
para Paris, conhece André Breton e liga-se
ao denominado Grupo Surrealista de Lisboa.
Experiência intensa, o surrealismo marca em
Cesariny o ponto de partida de um percurso
artístico profundamente vivido ao longo da
segunda metade do século XX, tanto na escrita
como nas artes plásticas.
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsinore
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso querer falar
Mário Cesariny, Poemas de Mário Cesariny, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007
A entrada é gratuita e adstrita a pré-inscrição.
A pré-inscrição pode ser feita nesta página ou no Ponto de Informação, Piso 0 do El Corte Inglés Grandes Armazéns de Lisboa.