Conferência “Gil Vicente no palco político: O espetáculo ao serviço de D. Manuel I e D. João III” por Nuno Costa Moura
INSCRIÇÕES ABERTAS
O Âmbito Cultural do El Corte Inglés tem o prazer de convidar para a Conferência “Gil Vicente no palco político: O espetáculo ao serviço de D. Manuel I e D. João III” por Nuno Costa Moura, a realizar-se no dia 16 de Outubro, pelas 18h30, na Sala de Âmbito Cultural, piso 6 do El Corte Inglés de Lisboa.
Sinopse
A vida de Gil Vicente é tão misteriosa como é extraordinária a obra que nos deixou. A incerteza em relação à sua vida pessoal – como as datas e locais de nascimento e de morte, as relações familiares ou a própria profissão -, adensam o fascínio que esta figura tem exercido entre os estudiosos ao longo dos séculos. Seria o autor das Barcas o ourives da famosa Custódia de Belém, o Mestre da Retórica das Representações de D. Manuel I e de D. João III, ou um mero funcionário do Estado? O que sabemos com certeza é que um Gil Vicente serviu a corte régia portuguesa e que ele lhe apresentou, entre 1502 e 1536, mais de quarenta e cinco “autos”, aquilo que hoje denominamos por espetáculos de teatro. Bastaria o facto de ter estado 35 anos ao serviço da corte para fazer dele um caso excecional no contexto cultural da época e mesmo na história do teatro em Portugal – não voltou a haver soberanos com um autor e diretor de teatro ao seu serviço nos palácios. Mas o seu papel de homem de espetáculo foi muito além do entretenimento ou do complemento de festividades litúrgicas, como as das celebrações do Natal e da Páscoa, que lhe era solicitado. Os acontecimentos civis essenciais para a estratégica política dos monarcas portugueses, como os casamentos reais, os nascimentos de príncipes, os empreendimentos marítimos e as entradas régias na capital, eram assinalados por Gil Vicente com ações teatrais programáticas. A afirmação de um projeto governativo e económico ganhava substância e visibilidade num palco, diante dos olhos de quem delineava o futuro do país. Também a aguçada capacidade de observação e a copiosa competência inventiva do autor traziam aos salões dos Paços reais as consequências económicas e sociais da expansão africana e asiática. A ambição de poder e o culto das aparências justificavam o abandono do cultivo da terra e o fascínio pelas riquezas fáceis que o comércio ultramarino permitia, em desprezo dos valores cristãos, como a humildade e a caridade. Criava-se, em torno de Gil Vicente, um aparente paradoxo de aceitação do seu trabalho crítico por aqueles que eram repreendidos e parodiados por ele. Para a posteridade ficaram as palavras, e apenas as palavras – num português e castelhano ainda hesitantes, mas plenos de teatralidade -, uma vez que escasseiam relatos escritos sobre a apresentação dos espetáculos, e pinturas ou gravuras que nos garantam como era feito o teatro da época. Mas é no vigor e no talento da rima de Gil Vicente que se entrevê, de forma apurada e original, um tempo e uma sociedade em brusca mudança e três centenas de personagens genuínas que ainda hoje habitam os palcos nos corpos dos artistas do presente.
Biografia
Nuno Costa Moura, diretor do Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa, desde 2021, é licenciado em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, e mestre em Estudos de Teatro, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É investigador e autor de vários artigos sobre a história do teatro em Portugal.
A entrada é gratuita e adstrita a pré-inscrição.
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