O Âmbito Cultural do El Corte Inglés tem o prazer de convidar para a Conferência “Palavras descruzadas”, por António Bagão Felix, a realizar-se no dia 5 de Fevereiro pelas 18:30 horas, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Gaia – Piso 6.

 

Sinopse

“A palavra é metade de quem a pronuncia, metade de quem a ouve”

Montaigne (1533-1592)

Uma língua é uma realidade viva, não um edifício estático de palavras e regras. Molda-se e recria-se em função das necessidades de comunicação, das mutações sociológicas, de novas abordagens de costumes, tradições e comportamentos, de mudanças de natureza axiológica, da evolução geracional, das alucinantes alterações tecnológicas.

Todavia, esta tendência não deve conviver com a irracionalidade do erro tornado norma, com a degradação da exigência educativa e escolar, com a palavra feita de pressa, com a primazia da proficiência tecnológica dos meios que algemam o bem falar e empobrecem o bem escrever, com a obsessão censória da correção política.

A diversidade lexical vai-se tornando na sua aplicação mais afunilada. O acervo das palavras que se deram à descoberta ao longo dos tempos tende a reduzir-se, e a sua espessura e densidade a rarefazer-se. De certa forma paradoxal, a tecnologia oferece-nos novos meios na relação social, mas o mundo parece mais velho com a redução das palavras usadas.

É visível a indigência, a incultura, a petulância e a anarquia com que se trata a língua portuguesa. Não apenas por um certo caos linguístico provocado pela adopção precipitada do chamado novo acordo ortográfico. Mas também porque se vem reduzindo a inquietação diante de erros que se cometem, lêem ou ouvem e que se vêm propagando à velocidade do vento, designadamente em meios comunicacionais, nas redes sociais e em pessoas que têm mais responsabilidades públicas e institucionais.

 

António Bagão Félix

Biografia

Economista. Foi Ministro e Secretário de Estado em vários governos nas áreas das Finanças, Segurança Social e Trabalho. Foi conselheiro de Estado, vice-governador do Banco de Portugal, administrador nos seguros e na banca, presidente da Comissão Justiça e Paz e membro de órgãos sociais de várias ONG e IPSS. Condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Autor dos livros Do lado de cá ao deus-dará (2002), O cacto e a rosa (2008), O conto do Vigário (sobre texto de Fernando Pessoa) (2011), Trinta árvores em discurso directo (2013), Raízes de vida (2019), Um dia haverá (2020), Natureza de Poesia (co-autoria, 2022), Palavras Descruzadas (2022) e “757+575” (co-autoria, 2023), bem como de publicações de carácter técnico, social e religioso.

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