Curso “História do 25 de Abril e da Revolução dos Cravos“, com Raquel Varela.

De 5 de Dezembro 2019 a 7 de Janeiro 2020 (Terças e Quintas), às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa (Piso 6)

Inscrições disponíveis até dia 28 de Novembro, no Ponto de Informação (Piso 0) do El Corte Inglés de Lisboa.

A Revolução dos Cravos foi o mais importante movimento revolucionário da Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1945) aos nossos dias. Começou no dia 25 de Abril de 1974, uma quinta-feira chuvosa, como um golpe de Estado contra a Guerra Colonial, liderado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). Esse golpe foi, porém, a semente de uma revolução social. A ligação entre os 13 anos de guerra nas colónias contra as lutas de libertação e o 25 de Abril é um facto crucial. Encetada em Lisboa como uma revolução política democrática contra o regime de ditadura – Democratizar, Descolonizar e Desenvolver, os três Ds do programa do MFA -, transformou-se também numa revolução social, que colocou a democracia social e participativa no centro da vida, mudando as relações de produção e organização sociais. Esta revolução democrática viveu as suas primeiras eleições a 25 de Abril de 1975, depois de uma longa noite de 48 anos de ditadura, com uma taxa de participação superior a 90% – celebra-se o direito ao voto, o sufrágio universal. Mas antes das eleições o povo emergiu, como nunca na história do país, e em poucas horas, na Baixa-Chiado, e em poucos dias ou semanas, em todo o país, foi quase totalmente desmantelado o regime político da ditadura e substituído por um regime democrático. De imediato, a 25 de Abril milhares de pessoas saíram à rua, e foi com multidões à porta, a gritar “morte ao fascismo”, que no Quartel do Carmo, em Lisboa, o Governo foi cercado; as portas das prisões de Caxias e Peniche abriram-se para saírem todos os presos políticos; a PIDE/DGS, a polícia política, foi desmantelada. Portugal foi, ao lado do Vietname, o país mais acompanhado pela imprensa internacional de então, porque as imagens das pessoas dos bairros de barracas sorrindo de braços abertos ao lado de jovens militares barbudos e alegres encheram de esperança os povos de Espanha, Grécia, Brasil … e de júbilo a maioria dos que aqui viviam. Uma das características das fotografias da revolução portuguesa é que nelas as pessoas estão quase sempre a sorrir. Não por acaso, Chico Buarque cantou: “Sei que estás em festa, pá”.

Raquel Varela é historiadora, investigadora e professora universitária. É Fellow do International Institute for Social History (Amsterdam). Professora-visitante internacional da Universidade Federal Fluminense, onde leciona uma cadeira na área de história global do trabalho no programa de pós-graduação em História.
É coordenadora do projecto internacional de história global do trabalho In The Same Boat? Shipbuilding industry, a global labour history. Autora e coordenadora de 23 livros sobre história do trabalho, da Europa, do 25 de Abril, do movimento operário e história global. É actualmente presidente da International Association Strikes and Social Conflits, uma rede que conta com 35 instituições da Europa do Norte e Sul, EUA e América Latina. Foi responsável científica das comemorações oficiais dos 40 anos do 25 de Abril (2014). Em 2013 recebeu o Santander Prize for Internationalization of Scientific Production.

Programa

1.ª SESSÃO — 5 Dezembro 
Das Revoluções anticoloniais ao golpe de 25 de Abril de 1974;

2.ª SESSÃO — 10 Dezembro 
O 25 de Abril: o “dia inicial, inteiro e limpo”;

3.ª SESSÃO — 19 Dezembro 
História do Povo na Revolução dos Cravos;

4.ª SESSÃO — 2 Janeiro 
O Nascimento do Estado Social e a Revolução dos Cravos;

5.ª SESSÃO — 7 Janeiro 
O 25 de Abril e o contexto internacional.

 

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