Exposição artística ‘Os Estúpidos’ por Robert Panda
Exposição Artística
O Âmbito Cultural do El Corte Inglés tem o prazer de convidar V. Exa. para a exposição artística Os Estúpidos, que estará disponível de 5 de Outubro a 15 de Novembro nas Lojas El Corte Inglés Lisboa e Gaia-Porto.
SINOPSE:
Com a exposição de Arte Urbana, Estúpidos, que agora entra nos nossos Grandes Armazéns, queremos resgatar a tradição que sempre uniu os mercados à interpelação cultural. Trovadores, atores, músicos, pintores e escultores sempre convergiram para os locais onde se compravam e vendiam as sedas, as jóias e também as tâmaras e os sapatos. Agora, com as cidades mais organizadas do que nunca, o comércio e a arte parecem ter assinado um qualquer contrato de divórcio que é difícil de entender. Porém, tanto o comércio como a arte,
que nasceram de mãos dadas e estão habituados a brincar juntos, procuram formas de se encontrarem, mesmo às escondidas.
A chamada arte urbana, arte de rua, em forma de mural, instalação ou melodia, é uma espécie de tatuagem que identifica e sinaliza os espaços. E mesmo quando confinados a museus, galerias ou recintos definidos, a arte tem sabido trespassar
essas fronteiras e invadir o espaço onde encontra o seu público.
Ora, o espaço público é todo o espaço do público. O espaço das pessoas. E foi, justamente, por esta razão, que convidámos o Robert Panda a “entrar” pelo El Corte Inglés adentro e, através das suas admiráveis criações, interpelar quem nos visita.
ROBERT PANDA:
“O projecto Os Estúpidos é baseado na ideia de interacção. Isso, e obter boas fotos para a minha colecção. Gosto especialmente de fotos de pessoas a tirar fotos. Se são ‘selfies’, ainda melhor. Nada define a estupidez como tirar uma selfie enquanto se fala com um objecto colorido inanimado. Numa das primeiras instalações, observei pessoas a sentarem-se com o Estúpido para tirarem uma selfie enquanto a tinta ainda estava fresca, o que, por si só, comprovou o fundamento do projecto. Sinto-me permanentemente espantado pelo modo como as pessoas se sentem atraídas por estas figuras. E, acima de tudo, pelo modo como reagem na sua presença. É como se existisse aqui uma força maior em acção, fazendo com que adultos racionais soltem sem reservas a criança que têm dentro de si. As crianças sentem-se
especialmente atraídas por eles, mas, lá está, sendo de facto crianças é de esperar que assim seja. Mas os adultos também se tornam crianças renascidas, uma transformação que pode ser bastante mágica de observar. O objectivo é deixar estas criaturas pacíficas conviverem com pessoas nos seus habitats naturais, estimulando uma interacção activa entre elas. Vejo isto como oferecendo ao público um elemento inesperado e catalisador que cria um quadro vivo, uma espécie de ‘performance’ improvisada com participantes involuntários guiada pelo impulso e o acaso.
Quando não são criadas no âmbito de um festival ou evento, as peças são colocadas em locais públicos sem autorização. Em alguns casos até acho que aparecem pelos seus próprios meios. Algumas peças duram apenas algumas horas antes de serem retiradas à força e levadas seja para onde for que as criaturas antropomórficas coloridas são mantidas oficialmente. Talvez algumas acabem numa prisão especial. Será que os guardas prisionais também tiram ‘selfies’ com elas? Outras são vandalizadas de forma implacável.
Os braços são arrancados, as cabeças são cortadas, entre outras mutilações e danos causados às partes do corpo. Este comportamento só é interessante na medida em que sai do campo da estupidez para entrar naquele da idiotice.
Outras ainda são aceites pelas autoridades municipais e é-lhes conferido um estatuto oficial. Seja qual for o caso, a partir do momento em que estão no espaço público, estão a viver a sua própria vida, bem longe da minha influência ou controlo. O que é estúpido, obviamente, pois são objectos inanimados.
O Estúpido é sempre o Estúpido. Uma figura tipo camaleão que assume diferentes cores e posturas de acordo com o local e o seu estado de espírito. Cada cor pode expressar um estado emocional diferente. Algumas pessoas dão-he um nome pessoal, mas para mim será sempre o Estúpido. O único e inimitável.”