O Âmbito Cultural do El Corte Inglés tem o prazer de convidar para a exposição de fotografia Emulsões Sensíveis, de Josefa Searle, inaugurada dia 1 de Julho e estará disponível para visita até dia 30 de Setembro, tanto nas salas de Âmbito Cultural do Piso 6, como na coluna do Piso 7 do El Corte Inglés Grandes Armazéns de Lisboa.


SINOPSE:

No meio das nossas realidades rápidas e vertiginosamente ambiciosas, Emulsões Sensíveis oferece-nos uma alternativa serena com uma mensagem poderosa. Demonstra que a beleza e o maravilhamento são eternos. Apesar do ambiente parecer nocivo, as imagens encapsulam um sentido de cura, trazem contemplação e nos lembram que se tivermos um pouco de perspectiva podemos dançar através de desafios impossíveis. Andando de posse duma câmera, Searle nos permite acessar seu ponto de vista. Um que vê até as coisas mais mundanas pelo que realmente são: “a vida a dar um espectáculo privado, só para nós”.
Reflectindo claramente a sua experiência intrínseca de equilibrar uma formação de arquitetura através da fotografia, Searle rompe com a busca exaustiva e obsessiva da perfeição. Opondo-se às normas convencionais rígidas, duras, patriarcais, poderosas e machistas, ela aprecia a luz, as sensações, o efémero, priorizando observação discreta e silenciosa.
Este trabalho comunica uma união, uma dualidade, e uma fusão de opostos. Cada nível desta peça mergulha-se numa junção de elementos separados. Desde a logística da viagem ao local com restrições rigorosas devido ao Covid-19 durante o confinamento, o uso de preto e branco, as etnias contrastantes das dançarinas, a história por trás da música, e até mesmo a coreografia. O resultado é aparentemente mágico, mas, “é a sua humanidade, a sua natureza, e as suas imperfeições que os tornam mágicos.” O que faz as pessoas normais, como eu e vocês, desafiar a gravidade e flutuar acima do solo com facilidade.”
A sua obsessão por imortalizar momentos etéreos como os que têm capturado nestas imagens começou logo no início desde que ela tirou a primeira foto. Aos dez anos, construiu uma máquina fotográfica de buraco com uma agulha e uma lata de café e, “provavelmente fotografou uma pessoa ou alguma coisa na natureza”, recorda-se ela. Uma imagem deslumbrante e hiper-realista do que viu apareceu num papel coberto com uma emulsão fotográfica. Uma combinação de uma série de compostos inorgânicos que, quando expostos à luz e ao objecto que ela escolheu, se tornaram um objeto que poderia segurar nas suas mãos. Um momento, para sempre.
Neste projeto, ela captura a beleza ao passar sobre um terreno árido, com terras envelhecidas manchadas de púrpura e amarelo. Restos químicos tóxicos, estruturas de poder demolidas, milhares de pegadas, e a evidenciada passagem do tempo. Com Emulsões Sensíveis, Searle age como a luz que passou por aquela lata de café para nós. As suas imagens guardam a doçura da melodia do piano, as emoções poderosas dos movimentos dos bailarinos e a história pesada daquele momento e lugar. Ela transforma momentos que são únicos num convite tangível para fazermos uma pausa, sentirmos e nos conectar.
Este trabalho é uma seleção de vários momentos do videoclipe oficial duma das músicas do pianista Roman Wróblewski. “Big Hug”, uma peça do seu álbum de debut, criada a partir dum estado de limbo induzido pela pandemia e filmada por Andre Abrantini. Para além da melodia hipnotizante, as melodias neo-clássicas são expressas também através da dança interpretativa de Lucília Raimundo e Carolina Carloto, num local industrial abandonado e misterioso no Barreiro, Portugal.
Quimigal foi uma zona industrial fundada no início do século XX que albergou a antiga CUF (Companhia União Fabril – um dos mais antigos e maiores conglomerados industriais portugueses). Onde durante décadas foi produzido ácido sulfúrico (H₂SO₄), típicamente utilizado no fabrico de fertilizantes, pigmentos, corantes, drogas, explosivos, sabões e detergentes. Por conseguinte, o site também tratou cinzas piritas, um resíduo da produção de H₂SO₄ que é prejudicial para o meio ambiente e a saúde quando mal gerido.
Mais de 8000 empregados trabalhavam no local, mas é a solidão e o vazio que hoje em dia preenchem os seus enormes espaços. Durante a Segunda Guerra Mundial, o local fechou as suas portas e o G.N.R. ocupou o seu interior para montar uma base militar. Logo depois, após a queda de Salazar, acabou por colapsar. Apesar da sua actual obsolescência, Searle de alguma forma consegue mostrar os restos fantasmagóricos do seu passado. O desmantelamento de sistemas arcaicos e a queda de estruturas antigas e avariadas. Mas, ao mesmo tempo, a junção das coisas. A união de elementos contrastantes que ela alquimizou maravilhosamente nos faz lembrar que o todo é muito maior do que a soma das suas partes.
A forma como a luz precisa da escuridão, o branco precisa do preto, a arquitectura rígida pode usar a suavidade duma dança, e a eternidade de uma ruína pode tornar-se uma experiência instantânea graças a uma fotografia. Da mesma forma, a nossa crescente separação exige mais conexão. Na química, como os sabões e detergentes produzidos na Quimigal, os emulsificantes permitem a união de elementos incompatíveis. E, com a sua perspectiva, Searle demonstra-nos que através das nossas atitudes e comportamentos nós todos podemos ser emulsificadores sensíveis ambulantes.

Fotografia de Josefa Searle
Palavras de Samantha Reis

Data: 1 de Julho a 30 de Setembro
Hora: Horário de abertura e encerramento do El Corte Inglés Grandes Armazéns de Lisboa
Local: Salas de Âmbito Cultural, Piso 6, e Piso 7 do El Corte Inglés Grandes Armazéns de Lisboa

Entrada livre e gratuita

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