Conferência: “A Vida e o génio de Manoel de Oliveira”, por Paulo José Miranda


Dia 19 de Dezembro, às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural de Lisboa (Piso 6).

Paulo José Miranda, premiado autor, dá continuidade à colecção “Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea”, da Contraponto, com a obra A Morte Não é Prioritária – Biografia de Manoel de Oliveira.

Nesta obra, Paulo José Miranda mergulha na vida e no génio do realizador. Manoel de Oliveira teve uma vida longuíssima – 107 anos -, com várias vidas dentro dessa vida. O livro revela muitas informações e curiosidades até aqui desconhecidas de uma figura tudo menos trivial.
Manoel de Oliveira dedicou-se a tempo inteiro ao cinema numa idade em que a maioria das pessoas está já reformada: aos 70 anos. Mas isso não o impediu de filmar durante mais trinta e cinco anos. Este é, por isso, um livro sobra a capacidade de superação dos limites impostos pela vida, um livro acerca de um homem que esteve sempre pronto a começar de novo. Em jovem, foi campeão nacional de salto à vara. E trapezista voador. Nessa mesma altura, realizou o primeiro filme, que foi aplaudido de pé por um Nobel da Literatura. Foi piloto e sobrevoava a quinta da namorada largando cartas de amor. Foi galã de cinema, entrando em A Canção de Lisboa. Foi agricultor no Douro. E, por fim, gestor industrial. Manoel de Oliveira está nas antípodas do convencional, não só no tocante à vida, mas também no que respeita à obra.
Neste livro, Paulo José Miranda mergulha no génio do realizador, procurando compreender os filmes que fez à luz das revoluções que ia produzindo em diferentes épocas. Nesse sentido, esta é também, e ao mesmo tempo, uma biografia crítica e uma aproximação do leitor à obra de Oliveira, tardia e tantas vezes mal compreendida.
Apesar de constantemente impedido de filmar durante a ditadura, ao dar-se ao 25 de Abril, Oliveira perde a fábrica e a casa que mandara construir quando casara. Nessa altura, diz ao produtor Paulo Branco, com quem tinha acabado de fazer o primeiro filme: “Paulo, agora temos de andar para a frente, agora tenho de viver do cinema.” O que, efetivamente, irá acontecer e durante muitos anos. Mais de vinte filmes depois, já perto dos 100 anos, Manoel ainda ousa dizer a um velho amigo: “Tenho de pensar no meu futuro.”

 

Paulo José Miranda nasceu em 1965, na Aldeia de Paio Pires. Licenciou-se em Filosofia e, em 1997, publicou o primeiro livro de poesia, A Voz Que Nos Trai, com o qual venceu o primeiro Prémio Teixeira de Pascoaes. Em 1999, e já a residir em Istambul, na Turquia, tornou-se também o primeiro vencedor do Prémio José Saramago, com a novela Natureza Morta. Mais tarde, viveu também em Macau e no Brasil, escrevendo poesia, ficção, teatro e ensaio. Em 2015, recebeu o Prémio Autores, da Sociedade Portuguesa de Autores, pelo livro de poesia Exercícios de Humano, e regressou a Portugal, começando pouco depois a trabalhar na biografia de Manoel de Oliveira, A Morte Não É Prioritária.

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