Conferência “Porquê Antero?”, por Luiz Fagundes Duarte - 02 Capa Antero Poesia III

Conferência “Porquê Antero?”, por Luiz Fagundes Duarte

e lançamento do livro “Poesia III -Poemas dispersos, alterados ou destruídos de Antero de Quental”.

Dia 11 de Setembro, às 19h00, na Sala de Âmbito Cultural de Lisboa (Piso 6)

Inscrições gratuitas no Ponto de Informação (Piso 0) do El Corte Inglés de Lisboa.

 

Em matéria de Literatura, Portugal é, à vez, um país de um homem só: temos Camões, António Vieira, Eça de Queiroz ou Fernando Pessoa – e todos os outros desaparecem. O que é injusto: por exemplo, muito daquilo que Pessoa tem, e que faz dele um grande poeta, Antero de Quental já tinha. Fernando

Pessoa foi buscar muita coisa a Antero de Quental, até projectou uma edição da sua poesia, e dele afirmou ter sido – talvez – o poeta mais consciente que alguma vez existiu, e que, não sendo embora o maior poeta peninsular do século XIX, foi certamente o maior homem de génio… E, antes de Pessoa, já escrevera Eça sobre o seu amigo Antero: «Nos seus Sonetos, exprime esta coisa estranha e rara – as dores duma inteligência. É uma grande razão debatendo-se, sofrendo, e formulando os gritos do seu sofrimento, as suas crises, a sua agonia filosófica, num ritmo espontâneo, da mais sublime beleza poética»… Apreciações domésticas, coisas de amigo, diríamos nós – não fosse vir-nos do outro extremo da Europa o testemunho de um insuspeito Leão Tolstoi: «Li Quental. É bom.»

É este homem de génio – como tal reconhecido por outros homens de génio –, que todos conhecemos de nome mas quase não lhe lemos a obra, que agora se apresenta, inteiro, na dimensão criadora que mais dramaticamente representa a sua personalidade: a poesia. Porque foi a poesia que acompanhou toda a sua vida, e foi por meio dela, sobretudo na forma de soneto, que Antero assume ter representado, como se fosse «um diário íntimo», as «fases sucessivas» da sua «vida intelectual e sentimental»: «uma espécie de autobiografia de um pensamento e como que as memórias de uma consciência».

 

Luiz Fagundes Duarte (Angra do Heroísmo, 1954). Mestre (1986) em Linguística Portuguesa Histórica e Doutor (1990) em Línguas e Literaturas Românicas, Linguística Portuguesa, é Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Filólogo, colaborou no projecto de Edição Crítica da Obra de Eça de Queiroz, fez parte da Equipa Pessoa, e editou a poesia de Vitorino Nemésio e de Antero de Quental. Foi Director Regional da Cultura (1996-1999) e Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura (2012-2014) no Governo Regional dos Açores, e Deputado à

Assembleia da República (1999-2011), tendo sido presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, membro do Conselho Nacional de Educação, e membro da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Parlamentar da NATO. Presentemente, é professor das disciplinas de Licenciatura «Expressão e Argumentação» e «Literatura Portuguesa Renascentista» e dos seminários de Mestrado «Estudos Camonianos» e «Crítica Textual», e orienta diversas teses de Doutoramento e dissertações de Mestrado.

 

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