Conferência “Os cafés do Bairro de Alvalade uma geografia emocional dos anos sessenta e setenta”, por Aquilino Machado.

Dia 14 de Setembro, às 19h00, na sala de Âmbito Cultural de Lisboa (Piso 6).

Inscrições gratuitas no Ponto de Informação, Piso 0, do El Corte Inglés de Lisboa.

Olharmos para o Plano de Urbanização do Bairro de Alvalade é como encararmos um compressor de tempo onde dimana um cardápio de ideias urbanas dispares e, por vezes, opostas. No espaço de três décadas estruturou-se um território que arrumou parcelas de pendor acentuadamente conservador a par de outras de vigor modernista. Mas foram os cafés, instalados na esteira dos grandes eixos de comunicação do Plano de Urbanização, que arquitectaram simbólicos lugares de encontro e de troca de emoções ritualizadas durante décadas de existência. Neles apareceria uma constelação geográfica de cafés, quase aparentando coordenadas de uma bússola meia enlouquecida.

Destacaremos o café Vá-Vá, como lugar de encontro onde se difundiam e se consolidavam, nos anos sessenta, novas vivências urbanas, nomeadamente na forma como se fazia circular os jornais vespertinos de mão em mão, e, por vezes, com uma conformação quase clandestina, a passagem de livros proibidos e censurados pelo regime salazarista. Lembraremos as suas tertúlias, na afirmação de uma ideia de cidade culturalmente livre por força da extraordinária riqueza dos intervenientes, e que ganharia uma maior intensidade cenográfica no decurso dos tempos que se seguiram à Revolução de Abril de 1974.

Aquilino Machado é Professor assistente convidado no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT), e Investigador associado do Núcleo ZOE/Dinâmicas e Políticas Urbanas e Regionais e do Núcleo TERRITUR/Turismo, Cultura e Território do Centro de Estudos Geográficos (CEG), Universidade de Lisboa, tem desenvolvido o seu interesse de pesquisa nos campos da geografia cultural e urbana. Mestre e doutorando em Geografia Humana, encontra-se a concluir um projeto sobre os territórios literários urbanos em Aquilino Ribeiro e a geografia emocional que viveu e recriou nas cidades de Lisboa e Paris.

Deu aulas, entre 2008 e 2013, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), onde obteve, igualmente, o título de Especialista na área de Turismo, realizando, para o efeito, um trabalho sobre a importância do turismo literário.

De 1997 a 2012 integrou os quadros da empresa Parque EXPO’98, SA.

Nos últimos anos tem trabalhado como guionista de documentários e produzido conteúdos para itinerários culturais.

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Esta conferência está inserida na programação do Festival Olhares do Mediterrâneo, que pretende mostrar o trabalho de mulheres cineastas de países do Mediterrâneo, o seu olhar e as suas preocupações. Além da competição geral, o festival tem duas secções competitivas, as Travessias – com filmes sobre migrações, êxodos e refugiados – e Começar a Olhar – com filmes feitos em contexto de formação. Para criar um ambiente de Festa, terá também workshops (“Olhares em Pequenino”, “Duelo Latino” e de teatro grego), música (B’rbicaho e Concerto Inatel), duas exposições de fotografia (das quais uma tem a curadoria da Associação Parafonia), dois debates (um deles a propósito de duas curtas-metragens da Cisjordânia e o outro sobre refugiados/LGBTI, ambos organizados pelo CRIA -Centro em Rede de Investigação em Antropologia) e esta conferência no espaço Âmbito Cultural do El Corte Inglés. Não faltará ainda a Cerimónia de Chá, oferecida pela Embaixada de Marrocos.

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