Curso “Uma História da Cultura”, por Luís Carmelo
Curso “Uma História da Cultura”, por Luís Carmelo
De 24 de Junho a 22 de Julho, às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa (Piso 6).
Inscrições disponíveis, no Ponto de Informação (Piso 0) do El Corte Inglés de Lisboa.
Em nove sessões, o curso Uma História da Cultura, leccionado pelo Prof. Doutor Luís Carmelo, aborda os modos que possibilitaram a formação histórica do que pode designar-se por «consciência de cultura».
Trata-se de um longo trajecto que singra na Europa Iluminista (e nos continentes novos), embora a sua genealogia tenha múltiplos antecedentes.
O curso Uma História da Cultura pretende ser uma contribuição para o debate sobre o que é – e o que significa hoje – a cultura. Partindo do princípio de que a cultura é sempre uma construção, o curso aborda diversos níveis de tematização do mundo, integrando nas suas nove sessões matérias tão diversas como as escatologias, as utopias, os programas modernos, a fragmentação das narrativas do nosso dia-a-dia, o culto do património, a crise, o poder das conotações ou ainda o papel da instantaneidade tecnológica na era da rede.
O curso Uma História da Cultura leva, pois, a cabo um diagnóstico das várias camadas que se organizam na substância de conteúdo que todos partilhamos, numa perspectiva que não é imune à hibridez que cada vez mais se desenha entre o domínio local/territorial e o domínio global.
Luís Carmelo é um escritor português, nascido em Évora (1954). Doutorado em Semiótica pela Universidade de Utreque (Holanda), é autor de uma vasta obra que inclui dezena e meia de romances, diversos ensaios sobre a contemporaneidade, manuais vários e alguns volumes de poesia. Está editado em Portugal, Brasil, Espanha e Moçambique.
A mais recente trilogia, composta pelos romances Gnaisse (2015), Por Mão Própria (2016) e Sísifo (2017), foi editada pela Editora Abysmo (Lisboa). Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores, 1988. Adaptação ao cinema do romance A Falha (2002) pelo realizador João Mário Grilo. Finalista de vários prémios (o mais recente: Prémio Literário Casino da Póvoa / Correntes d´Escritas-2019). Dirige a EC.ON – Escola de Escritas (escritacriativaonline.net) e é professor na UAL.
Programa
1.ª Sessão— 24 Junho
Primórdios. Na sessão 1 são trabalhados os alicerces do lento processo de formação do conceito de cultura, com destaque para o escathón (ou ideia de «fim último» que é chave para a compreensão do «projecto», enquanto significado do devir humano).
2.ª Sessão — 26 Junho
Simulações. Na sessão 2, dedicamo-nos a formas de simulação que estão enraizadas na nossa cultura, estabelecendo-se uma ligação entre a tradição milenar da literatura profética e os jogos comunicacionais levados a cabo pelos media contemporâneos.
3.ª Sessão — 1 Julho
Utopias. A sessão 3 é inteiramente dedicado à utopia enquanto espaço ficcional livre e autónomo que propõe um horizonte perfectível. Articular-se-á a matriz de More com o relato da República de Platão, com a utopia jurídica da paz de Kant e com as eco-utopias defensivas do nosso tempo.
4.ª Sessão — 3 Julho
Utopias com os pés na terra. A sessão 4 reata a tentação da literatura apocalíptica de dominar o todo da história, relacionando-a com os programas de Joaquim de Flora (sécs. XII/XIII) e de G. Vico (sés.. XVII/XVIII). Num segundo momento, abordar-se-ão os textos utópicos modernos ancorados já na realidade terrena e não da idealidade.
5.ª Sessão — 8 Julho
Programas modernos. A sessão 5 debate-se com projectos modernos com ênfase para dupla ‘ciência – arte’. Dois modos de significar a vida que se cruzam lentamente e que espelham o modo como o homem se vai impondo como sujeito criador ao longo da modernidade.
6.ª Sessão — 10 Julho
Ideologias e outras máquinas de criar certezas. Na sessão 6, abordamos os horizontes do homem moderno baseados em quadros perfectíveis que foram perseguidos com o objectivo de os fazer corresponder a uma ordem mais geral, fosse política, social, moral ou epistemológica.
7.ª Sessão — 15 Julho
O mundo pós. O tema da sessão 7 é a crise do sentido. A abordagem centra-se sobretudo na segunda metade do século XX, dando especial atenção ao significado do movimento intitulado como «pós-moderno» e à consciência que ele representou.
8.ª Sessão — 17 Julho
A instantaneidade e a tecnologia. A sessão 8 dedica-se a um conjunto de abordagens que associa a experiência do quotidiano ao cumprimento instantâneo que os dispositivos tecnológicos possibilitam. O desejo do imediato celebra, no nosso tempo, através de simulações, formas de realização sonhadas desde a génese dos tempos axiais.
9.ª SESSÃO — 22 Julho
Crise e património. A nona sessão analisa o modo como o património passou a ser significado nas últimas décadas e, por outro lado, analisa a noção de crise.
A abordagem terá em conta a espectacularização do mundo e a progressiva amnésia colectiva, que é uma característica das sociedades actuais.