Curso “Almada Negreiros: 5 percursos nas ruas de Lisboa, por António Valdemar”

De 22 de Abril a 20 de Maio, às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa (Piso 6).

Inscrições disponíveis até dia 8 de Abril, no Ponto de Informação (Piso 0) do El Corte Inglés de Lisboa.

Figura emblemática da renovação da arte, da literatura e de outras expressões da modernidade, Almada Negreiros (1893 – 1970) vai ser objecto de uma retrospectiva da sua vida, da sua obra e da sua relação íntima com Lisboa. A reconstituição será feita no auditório do El Corte Inglés, por António Valdemar que, durante anos, conviveu de perto com Almada Negreiros, até à data da morte. É autor de uma serie de entrevistas publicadas, em 1960, no Diário de Notícias, posteriormente reunidas em livro, Almada, os Painéis, a Geometria e Tudo. Todavia, António Valdemar não se vai limitar à investigação que absorveu Almada Negreiros em torno dos Painéis de São Vicente de Fora; da ordenação através da «perspectiva dos ladrilhos», dos dois trípticos num político, tal como ficou no Museu Nacional de Arte Antiga; e da hipótese da colocação das tábuas na Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha. As cinco intervenções programadas – ilustradas com imagens da época, em apresentações da autoria do designer Álvaro Carrilho – destinam-se a revelar outros aspectos surpreendentes da personalidade inovadora de Almada Negreiros, não apenas na pintura e no desenho e nos livros que escreveu, mas no contacto humano, em espectáculos públicos, em tertúlias e, sobretudo, nas conversas que António Valdemar teve ao percorrer com o Mestre as ruas de Lisboa.

Programa

1.ª Sessão — 22 de Abril
O menino numa Lisboa «efervescente»
O nascimento em São Tomé, a vinda para Portugal, com dois anos, para casa dos avós e dos tios; a morte da mãe e o pai radicado em Paris, com outro casamento; aluno interno dez anos no colégio dos Jesuítas, os companheiros, os amigos e os professores; a cidade com os primeiros eléctricos e o elevador de Santa Justa; a expansão em novos bairros; a agitação política e partidária – comícios, bombas, regicídio e a proclamação da República.

2.ª Sessão — 29 de Abril
Descoberta sem Mestres e contra os Mestres
O Chiado, o Rossio, o Terreiro do Paço e o quarto alugado na Rua do Alecrim: todas as guerrilhas em jornais, em revistas, em manifestos e ultimatos: exposições no Grémio Literário, a participação no Orpheu, no Portugal Futurista, na Athena, na Contemporânea; o encontro com Diaghilev e o próprio Almada, há 100 anos, no palco do S. Carlos, nos primeiros espectáculos modernos de dança e bailado.

3.ª Sessão — 6 de Maio
O sonho de Paris e a presença em Madrid
Viver por dentro a revolução na pintura, no desenho, na escultura, na literatura, no teatro, na dança, no bailado: Picasso, Brancusi, Modigliani, Chagal, Apollinaire, Blaise Cendras… Paris, de Janeiro de 1919 até Abril de 1920, sem a partilha de Amadeu, de Santa-Rita e de Mário de Sá-Carneiro, os grandes amigos já mortos. Os anos de Madrid (1927- 1932) com decisivas consequências na sua obra: ilustra na imprensa textos de Ramon Gómez de la Serna e de Valle Inclan; relações próximas com Garcia Lorca, Salvador Dali, Vasquez Dias e muitos outros. Colaboração profissional com arquitectos de vanguarda permitindo-lhe, na volta a Portugal, integrar-se nas equipas que realizaram grandes edifícios e incluíram Almada em obras de grandes dimensões.

4.ª Sessão — 13 de Maio
1932, outra cidade, para outro país
Regresso a Lisboa, o casamento, os filhos, as responsabilidades familiares; o vínculo a outros projectos: vitrais para a igreja de Fátima; frescos para o edifício do Diário de Notícias; frescos para as gares marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbitos; decorações para o Hotel Ritz, tapeçarias para o Tribunal de Contas; Cidade Universitária, fachadas da Reitoria e das Faculdades de Direito e de Letras; e para o átrio da nova sede da Fundação Gulbenkian, o painel Começar, síntese do encontro de Almada com a Geometria.

5.ª Sessão — 20 de Maio
Memória viva de Lisboa
A consagração ainda em vida – todas as homenagens possíveis. Representado nos museus de Lisboa e nos mais diversos bairros, em contacto diário com a população e com todos os que chegam a Lisboa. Retratado por Júlio Pomar e por António, em duas estações do Metro. Pinturas e desenhos de Almada, transpostas para azulejo, revestem outra estação do Metro. O nome numa rua, nos Olivais Sul e numa escola, na Charneca do Lumiar, na Urbanização Alta de Lisboa. Um monumento (na saída do viaduto Duarte Pacheco) e outro monumento, que incorpora um autor-retrato, numa estrutura de ferro, implantado em plena avenida Ribeira das Naus, junto do Tejo.

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